A Bairrada é conhecida pelo leitão, pela casta Baga e pelos espumantes, o que já é excelente, mas há muito mais!

Nos escuros e bolorentos corredores das Caves de São João envelhecem sem pressa as garrafas de espumante desta casa, fundada na Anadia em 1920.

Aqui os espumantes são todos produzidos segundo o método tradicional de Champagne, utilizando maioritariamente as castas da região.

Visitei-as em pleno Verão, pelo que entrar naquela cave fria, longe do calor lá fora, e provar uma fresca flute de espumante Caves de São João bruto à luz de candeeiros cobertos de teias de aranha, soube mesmo bem!

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O total oposto é a Quinta do Encontro, uma adega design do séc. XXI.

Toda a conceptualização desta adega foi inspirada no vinho – o próprio edifício tem o formato de uma barrica gigante, os corredores internos são em espiral a lembrar um saca-rolhas, e mesmo a lareira no hall de entrada tem o formato de uma garrafa de vinho.

Além da vista fantástica para a vinha que se tem do último andar (onde também se realizam eventos), na Quinta do Encontro há um restaurante de cozinha requintada, onde os pratos harmonizam na perfeição com os vinhos e espumantes “Encontro”.

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Entre as clássicas Caves de São João e a moderna Quinta do Encontro, estão as Caves Aliança.

Eu que esperava ver mais uns corredores escuros e paredes forradas a garrafas de espumante, fui surpreendida por uma impressionante exposição de peças pertencentes à Colecção Berardo.

No “Aliança Underground Museum” estão pedras preciosas de vários tamanhos e origens, fósseis milenares de diversas espécies, até estatuetas e artefactos africanos e peças do artista português contemporâneo Rafael Bordalo Pinheiro.

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Um percurso enoturistico nesta região não fica completo sem uma visita ao Museu do Vinho da Bairrada, onde está exposta uma das maiores colecções privadas de saca-rolhas, que conta com cerca de 1400 exemplares!

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Quanto à gastronomia da Bairrada o leitão é de facto incontornável, até porque a oferta de restaurantes é muita. Mas posso dizer que, de todos os que experimentei, o Mugasa ganhou!

Desviado da estrada principal, este restaurante pareceu-me mais tradicional e genuino que os outros, e de facto serviu-nos um delicioso leitão acabado de assar, dos melhores que já comi!

Mas, como eu disse, nem só de leitão vive a Bairrada: ali perto, em Aveiro, fui à marisqueira Dory na Costa Nova e não fiquei nada mal servida com todos os pratos de peixe e mariscos que tinham para oferecer.

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E, no final de um dia a percorrer adegas e restaurantes, sabe bem uma boa dormida! Um dos hotéis onde me instalei foi o icónico Bussaco Palace Hotel.

Este hotel é fascinante acima de tudo pela história que guarda, pela rica arquitectura Neo-Manuelina, pela decoração interior do inicio do século passado e pela mata do Buçaco que o cerca e isola do mundo exterior.

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Mas a magia do Bussaco Palace vai muito para além do hotel: os seus vinhos são um tesouro bem guardado, ano após ano, na cave do palácio.

Os vinhos do Buçaco são bem conhecidos e apreciados por serem vinhos secos e estruturados mas, acima de tudo, pela sua exclusividade (até há pouco tempo só se vendiam a clientes do hotel). As primeiras garrafas foram produzidas nos anos 20, e nesta cave ainda estão guardados exemplares desde esse tempo até hoje.

Confesso que o vinho branco Buçaco é o meu estilo de branco, seco mas suave, sem a acidez e citrinos óbvios. A combinação perfeita para um estaladiço leitão da Bairrada!

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